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novembro 15, 2007

Nossa casa deve produzir bem-estar, sem agredir e promovendo a nossa compreensão a respeito das coisas no meio circundante. Algumas ideias podem ser consideradas neste sentido, tanto em sua construção quanto em sua ocupação. 

A planta do terreno

Além da construção o terreno deve ter espaço para a vivência de seus moradores com a natureza sem a sensação de aperto. Trata-se daqueles convencionais espaços para jardinagem e para lazeres e afazeres. Este deve ter tamanho, por exemplo, que permita um cão de porte médio se exercitar em pequenas corridas. E ser sombreado em pelo menos 50% por árvores e arbustos.

Estas sugestões servem para conjuntos de casas ou de apartamentos, lembrando que precisam ser considerados o número de moradores que vão se relacionar no espaço de lazer e o número de moradores que vão querer estar sozinhos nesse espaçoao mesmo tempo.

A cercadura do terreno

O terreno jamais deve ter cercadura na frente. Também sem fugir do convencional, o acesso à casa deve ser livre, se possível através de um pequeno jardim. Isso revela respeito do morador para com o transeunte, contando que a casa à vista favorece à prática da criatividade arquitetônica, uma das áreas que mais geram trabalho de natureza nobre. Em respeito ao vizinho, as laterais e o fundo do terreno também não são lugares de cercadura ostensiva. Uma cerca viva de 1 metro de altura, além de bonita, cumpre a função de demarcar sua propriedade, permite o lazer da poda e evita gastos de materiais de construção.

Além disso, pequenas passagens devem ter permitir a livre circulação de crianças e animais pelos terrenos. Esses seres devem ser respeitados em sua natureza expansiva e em sua curiosidade sobre o meio que as cerca. Crianças precisam do relacionamento aberto com vizinhos para sua formação e para poder fazer melhor julgamento dos pais. Os problemas que possam surgir daí não são nada mais do que exercícios de rotina para pais que ainda querem evoluir como pessoas.

A planta da casa

Independentemente da criatividade ou estilo aplicados na arquitetura da casa, ela deve ter:

– garagem, porque o carro é direito de todos;

– cômodo de despejos, porque todos tem seus objetos inúteis mas sem preço;

– aquecedor solar, porque as cachoeiras estão desaparecendo debaixo de hidrelétricas;

– pia de dois ralos;

– privada seca.

A pia de dois ralos

Preste atenção no uso da pia de cozinha: mais da metade da água é gasta em simples enxagüe de copos, xícaras, frutas, legumes, etc., sem sabão. Essa água “limpa” não deveria ir para o esgoto. É perfeita para regar plantas ou lavar pisos. Bastaria ser escoada por um ralo adicional e conduzida para uma caixa ou sistema de gotejamento de jardim.

A água com sabão por sua vez, tanto de pias como do chuveiro, pode ser encaminhada para uma cisterna (caixa rasa) de cimento, de 2x2m de área e alambrado de 5cm, descoberta e construída em um canto do terreno. A água evapora e o resíduo depositado no fundo é removido periodicamente. Esta medida atende a uma família de 4 ou 5 pessoas, favorecida obviamente pela moderação no uso da água e do sabão e pelo cuidado de se deixar escorrer o mínimo de detritos pelo ralo. Repare que apenas alimentos gordurosos exigem sabão na lavagem das vasilhas. Para famílias maiores, cisternas maiores. Conjuntos de apartamentos podem ter cisternas empilhadas e ventilação eólica para acelerar a evaporação.

A pia tem portanto dois ralos com fechamento manual e naturalmente dois encanamentos.

Pia de dois ralos

A privada seca

Alimentador principal do esgoto, a privada de descarga tem de ter data marcada para extinção por todos os povos do mundo. O maior dos absurdos domésticos, é ela quem transforma nossa casa em verdadeira máquina de morte. Misturar água limpa com fezes é a última coisa que deveríamos fazer para nos livrar delas. Fezes são compostos orgânicos que precisam de umidade adequada para que microorganismos possam fazer o trabalho de transformá-los em humus. O excesso de água afoga esses microorganismos, dando lugar ao processo anaeróbio que leva à podridão sem vida.

As privadas secas já estão mais do que comprovadas e em uso. Têm os mesmos equipamentos da privada convencional. Só que sem a descarga e o sifão. Fezes e urina caem direto numa caixa de compostagem de onde se pode retirar as camadas inferiores do material, seco, leve, sem qualquer odor, para adubagem. O sistema ainda nos permite menos odores desagradáveis do que a privada de descarga, pois além de ficar vedado quando em desuso, um exaustor eólico (movido pelo vento) conduz todos os gases produzidos para a tubulação e daí para o espaço aberto.

privada-seca.jpg

As usinas de tratamento de água, criadas para “esconder” o mal das privadas de descarga são flagelos ainda maiores. São crimes contra a humanidade praticados ou por desinformação ou pelos terríveis raciocínios corporativistas. Montanhas e mais montanhas de dinheiro público consumido na hora de construir. Fortunas e mais fortunas particulares geradas com a taxa de tratamento de esgoto que vêm a seguir para manter a mentira funcionando. Porque jamais vão eliminar da água de esgoto, que nos devolvem para beber, as substâncias tóxicas micromoleculares, as radioativas, uma grande gama de vírus e as toneladas de projesterona eliminadas pela urina e secreções menstruais que irão afetar o comportamento sexual. Os filtros e processos para isso têm custo astronômico. Assim, essas usinas são pura armadilha, já que os seus autores dizem estar limpando a água sabendo que não retiram dela exatamente o pior.

Fábrica inorgânica

A palavra lixo deveria ser riscada do vocabulário humano. Não existe lixo. O que existe é o mau embalamento e encaminhamento da produção de nossa casa. E as causas são apenas a desatenção e a desinformação. Causas que pedem custo muito baixo para serem eliminadas. A mistura de material orgânico com inorgânico num mesmo recipiente é um desrespeito à natureza de cada um e uma atitude de desprezo à estética. Como é possível jogar restos de molho de tomate sobre uma caixa de bombons vazia? Como é possível jogar restos de pizza sobre uma placa de computador substituída? Cada coisa que nos chega às mãos, de celulose, vidro, plástico, borracha (incluindo preservativos), metais, vem primeiramente de algum lugar da natureza. E o custo maior da produção está nos processos que envolvem extração, transporte e preparo de matérias primas. Portanto, o que sai de nossa casa apto para reciclagem resulta em produtos muito mais baratos. Nossa casa é um fornecedor de matéria prima altamente beneficiada que permitirá à fábrica trabalhar com custos cada vez mais baixos.

O nosso trabalho será apenas o de nos divertirmos separando e encaminhando a produção doméstica para o coletor de recicláveis que sempre passa à porta. A diversão fica por conta de que cedo ou tarde as naturezas químicas desses elementos vão se revelar e aguçar o nosso espírito.

Fábrica orgânica

A produção orgânica de nossa casa, principalmente restos de comida, é tão importante que deveria ser mantida em geladeira até a passagem do coletor. Porque daí, ela seria encaminhada para centros de processamento com menos perda e mais opções de aproveitamento. O cálcio, presente na casca do ovo, por exemplo, é das substância mais usadas para diminuir a acidez da terra na agricultura.

Melhor do que encaminhar a produção orgânica é aproveitá-la em casa. Basta fazer uma caixa de mais ou menos 1x1x1 metro num canto do quintal e alternar finas camadas de orgânicos e de terra. Com o tempo, de uma abertura embaixo da caixa, pode se ir retirando o humus.

Outra produção orgânica que pode perfeitamente ir para a caixa são: papel higiênico, guardanapos, papéis sujos de gordura, que dependendo do volume podem até ser queimados antes em um pequeno tambor; pequenos objetos de madeira como palitos e caixas de fósforo; tudo que já teve vida e pode se transformar em terra fértil. Resíduos de varrição também podem fazer parte da fábrica orgânica.

Sobrou o quê?

Depois dessa seleção, sobra o quê para ser chamado de lixo? Vejamos: restos de construção, tintas, graxas e óleos industriais; vidros de lâmpadas, porque são duros para derreter de novo; papel de fax, papel plastificado e papel sujo de substâncias industriais, porque contaminam as substâncias usadas para branqueamento na hora da reciclagem; fio dental; roupa velha; enfim, tudo o que nunca teve vida e ainda não apareceu alguém dizendo para que serve. Mas isso pode muito bem fazer parte dessa coisa chamada entulho e que toda cidade usa para encher buracos, reparar encostas ou nivelar terrenos. Ou seja, não sobra nada para dizer que nossa casa é uma fábrica de lixo.

Conclusão

Para nossa casa não fabricar lixo e esgoto e fabricar apenas produtos ligados ao bem-estar basta não misturar o que não deve ser misturado. É daí que nasce o que sentimos como sujo. Porque tudo no mundo tem seu lugar, tudo tem sua beleza se respeitada a sua natureza.

Para muitas pessoas isso é difícil de ser conseguido de uma hora para outra. Na maioria das vezes porque não tem espaço e vivem em moradias construídas por gente que não vê além do dinheiro em sua linha de raciocínio. Essas pessoas têm de canalizar suas atividades no sentido de estarem sempre motivadas a procurar uma casa em que possam levar uma vida o mais limpa possível. Uma hora ela aparece.

Mas muito mais pessoas do que se pensa já têm essa casa e não se dão conta disso. Aí é uma simples questão de atenção e ajuste de hábitos.

Talvez ainda estejamos vivos porque a divindade ainda espera que façamos esse ajuste. E as desagradáveis performances climáticas recentes sejam um jeito de nos forçar a isso. Porque é difícil ver razão em um mundo onde a divindade assista indiferente à uma forma de vida estabelecer o caos e o mal-estar por uma simples rejeição a mudanças de hábitos e costumes.

E para quem realmente torce o nariz para o assunto, um alerta: pelo visto em países tidos como mais evoluídos, a tendência é que cedo ou tarde se estabeleça a taxa por quilo de material colocado à porta como lixo.